O projeto baseia-se fundamentalmente em enfoque teórico, conceitual e metodológico desenvolvido pela RedeSist, o qual se centra na visão de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais, privilegiando a abordagem de desenvolvimento industrial e da economia da inovação e do conhecimento, neste caso referente ao complexo industrial da saúde e a importância da formulação de políticas para o fortalecimento do mesmo.

Adota-se a noção sistêmica da inovação, na qual o entendimento do processo de inovação se estende para além das atividades formais de P&D e passa a incluir todas as novas maneiras de produzir bens e serviços, mesmo que estas não sejam novas para outros, a exemplo do papel da produção de genéricos pela indústria farmacêutica brasileira. Esta perspectiva ajuda a evitar distorções, na medida em que incentiva os policy-makers a adotarem uma perspectiva mais ampla sobre as oportunidades para o aprendizado e a inovação que inclua micro e pequenas empresas e atividades produtivas consideradas tradicionais.

Essa visão busca captar e avaliar processos de aprendizado e capacitação, focalizando a interação entre os diferentes agentes locais - empresas (produtoras, fornecedoras, prestadoras de serviços, comercializadoras, etc.), suas diversas formas de representação e associação (particularmente cooperativas), assim como diversas outras instituições públicas e privadas voltadas à: formação e treinamento de recursos humanos; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; consultoria; promoção e financiamento, etc.

É a partir deste entendimento que se origina a concepção do termo arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais (ASPILs), cunhado pela RedeSist no final dos anos 1990s e desenvolvido como um novo instrumental para entender e orientar o desenvolvimento industrial e tecnológico.

A vantagem da utilização do conceito de ASPILs é a prioridade dada à aquisição e uso do conhecimento, enquanto elemento fundamental da competitividade dinâmica e duradoura de organizações, localidades e regiões e a inclusão de uma dimensão territorial que enfatiza as relações e condições históricas, econômicas, sociais, culturais e políticas próprias a cada contexto local, resultando em requerimentos específicos de políticas.

Desse modo, essa abordagem reforça o foco no caráter localizado (e nacional) da assimilação, uso e difusão da inovação e contextualiza os processos de aprendizagem e capacitação. Nela, a capacidade inovativa de um país ou região é vista como resultado das relações entre os atores econômicos, políticos e sociais, refletindo condições culturais e históricas próprias, que é coerente com a análise da economia política da saúde que considera a formação do complexo produtivo da saúde um dos elementos estruturantes para a compreensão da complexidade da relação entre os atores diversos que influenciam e sofrem influência da saúde.